Entre 4 paredes
De autoria de Sartre, e famoso pela frase “o
inferno são os outros”, a obra gira em torno de três personagens principais e
um secundário. Toda a obra é misteriosa de início para o leitor que a pega para
ler de maneira crua, aos poucos o leitor vai entendendo que os personagens
estão mortos e inseridos na visão Sartreana de inferno.
O primeiro dos principais três personagens a
ser apresentado é Garcia, que logo questiona “onde estão as estacas?”
acostumado com a versão cristã de inferno, ele em seguida descobre mais sobre o
lugar, como o fato de que pálpebras não fecham, logo não há noites de sono, e
que as lâmpadas nunca se apagam.
O segundo personagem a ser apresentado é
Inês, que não fala com o criado, e ao ver Garcia acredita que ele é “o
carrasco”. Em seguida chega Estelle, que logo de início crítica a mobília
alegando que seu sofá não combina com seu vestido. Ela então pergunta
indiretamente como foi que os outros dois morreram, todos omitem informações,
Estelle diz ter morrido de pneumonia, Ines por gaz e Garcia por doze balas no
peito.
Via discussões, Garcia quer que todos fiquem
quietos para evitar problemas, o que não acontece, Estella em seu egocentrismo
e vaidade, sofre com a ausência de um espelho, Inês a ajuda então servindo como
o espelho de Estelle, quando se trata de sua estética que é facilmente avaliada
por olhares externos ela tem dificuldade de acreditar no que diz Inês.
Perturbado de seu silencio e reclusão, eles
discutem e Garcir quer então que falem a verdade sobre por que estão lá, ele
então começa revelando ter torturado sua mulher por 5 anos. Inês revela ter
matado seu primo e ter sido morta por sua amante que ligou o gaz enquanto
dormiam, após insistência Estelle revela ter matado sua própria filha por não a
deseja-la, seu marido que presenciou o acontecimento se matou em seguida.
Ao analisar a obra nos deparamos com
estigmas sociais, é um conceito sociológico definido como característica que
designa o ser como inferior, inabilitado para aceitação social estando relacionado
com a identidade social do sujeito e dos grupos sociais. Atribuir um estigma
esta relacionado com preconceitos, estereótipos e medo do desconhecido. Na obra
todos evitam falar seu real passado com medo de ser julgado ou marginalizado.
Outra questão importante de ser abordada é
sobre a subjetividade das relações sociais, o dicionário Aurélio define
subjetividade como caráter do que é subjetivo, se passa no íntimo do sujeito
pensante, varia de acordo com julgamentos, pensamentos ou hábitos. Tais julgamentos
e pensamentos são diretamente afetados pelas relações sociais.
Retornando a discorrer sobre a obra de
Sartre, percebe-se a importância do olhar sobre o outro na parte onde Estelle
aflita por não ter um espelho toma Inês por seu espelho e deseja que Garcir a
admire e deseje, mesmo ela estando em tal situação (no inferno) onde tal coisa
não faria diferença alguma.
Os personagens são detestáveis e tal versão
de inferno enclausurante e claustrofóbica, confinados em um local sem espelhos
os três são obrigados a se ver pelos olhos dos outros.
Comentários
Postar um comentário