O Alienista - Machado de Assis, resumo da obra
O Alienista – Machado de Assis
- Médico alienista é o que hoje
denominaríamos psiquiatra
- É um conto, porém os críticos e
especialistas que o leem o classificam com uma novela, devido sua estrutura.
- Publicado em 1882, quando aparece incorporado ao volume
Papéis Avulsos.
- Machado de Assis inaugurou o realismo no Brasil no romance
memórias póstumas em 1881 e posteriormente nos contos, com o alienista de 1882.
- A obra possui com tema principal a loucura e seus limites,
apresentando também uma visão satírica e irônica da mentalidade cientificista
que marca o século XIX.
- O narrador se encontra cronologicamente a frente da
história que narra, ele não se situa em Itaguaí, e conta os fatos a partir do
que os cronistas da época e que lá viveram deixaram.
- A obra possui referências a revolução francesa. A intenção
do autor com isso não é clara.
Personagens principais
- Simão bacamarte (alienista)
- D.Evarista (mulher do alienista)
- Crispim Soares (boticário, amigo de bacamarte)
- Porfírio (barbeiro)
Capítulo 1 – De com Itaguaí ganhou uma casa de orates
“A ciência é meu emprego único, Itaguaí é o meu universo”
Bacamarte tornou-se médico em
Coimbra e Pádua (Portugal) e retornou a Itaguaí, onde se casou com D.Evarista,
se interessou pelas patologias cerebrais, as estudou e se tornou um alienista. É
importante ressaltar que não haviam alienistas em Itaguaí, era uma área
completamente nova e quase inexplorada. Ele pede permissão e subsídios a câmara
de Itaguaí para construção de uma casa de orates (hospício) onde ele poderia
estudar e analisar os loucos de perto, a permissão é concedida, e temos a
inauguração da casa verde (nome dado pelas janelas do locar serem verdes).
Capítulo 2 – Torrente de loucos
Ao cabo de 4 meses, a casa verde
era uma povoação (novos blocos tiveram de ser construídos para abrigar toda a
população). Bacamarte os dividia em classes e os estudava, o médico se dedicava
integralmente ao estudo dos loucos, mal comia e mal dormia, passando dias sem
dirigir uma só palavra a D.Evarista.
Capítulo 3 – Deus sabe o que faz!
D.Evarista caí em melancolia.
Bacamarte a permite visitar o Rio de Janeiro (que era o sonho da mulher), a
despedida, 3 meses depois, foi triste para todos menos para Bacamarte, que se
mostra completamente apático e cuja maior preocupação é com os loucos que ainda
poder estar a solta misturados a multidão.
Capítulo 4 – uma teoria nova
Bacamarte chama Crispim Soares
para contar-lhe sua nova teoria, a qual Crispim chama de “um caso de matraca”,
a teoria consiste em “a razão é o perfeito equilíbrio das faculdades, fora daí
insânia, insânia e só insânia”. A teoria choca a todos, apesar de simples.
Capitulo 5 – O terror
Temos o caso de Costa, um homem
que recebeu de seu falecido pai uma grande herança, porém, Costa foi
gradativamente ficando cada vez mais pobre, até chegar a miséria. Ele foi
recolhido a casa verde, o que gerou uma revolta na população que o considerava uma
pessoa normal, comum, a prima de Costa, na tentativa de liberar o homem foi
falar com Bacamarte, e o contou que o pai de Costa antes de morrer teria dito a
um escravo que o pediu um copo d’agua que fosse beber ao rio ou ao
inferno, o escravo então o amaldiçoou
dizendo que todo seu dinheiro se acabaria em 7 anos, o que justificaria a
gradativa miséria de Costa, Bacamarte disse que levaria a mulher até costa, mas
a enganou e a prendeu na casa verde também.
Temos aqui a volta de D.Evarista
do Rio de Janeiro, ela era a esperança do povo para controlar as desenfreadas
internações do alienista, em seu retorno, temos novamente uma atitude
totalmente apática por parte de Bacamarte ao rever a mulher.
A esse estágio do conto temos o
crescente medo da população que não entende a lógica de internações do
alienista, todos temem ir para a casa verde e alguns até mesmo tentam fugir de
Itaguaí, sendo pegos e diretamente internados.
Capítulo 6 – A rebelião
“bastilha da razão humana”-
referência a revolução francesa
Porfírio lidera uma revolta, que
ficou conhecida com a revolta dos canjicas (o apelido do barbeiro era canjica).
Eles rumam a casa verde urrando “morte ao alienista!” e exigindo o fim casa
verde, com ameaças de até mesmo atear fogo no local. Bacamarte aparece a
varanda, diz algumas palavras e ousadamente simplesmente dá as costas a
multidão ali reunida, desprezando totalmente os manifestantes. Porfírio
encontra ai, sua chance de se tornar o defensor do povo, de se tornar o rei de
Itaguaí.
Capitulo 7 – O inesperado
Chegam os dragões (força
policial) e a população encorajada por Porfírio não abre mão de sua luta e
continua firme diante dos dragões, inicia-se ali uma guerra entre ambos, que
dura pouco, em vista de que alguns dragões passaram para o lado do povo “não
dizem os cronistas ao certo porque”. O povo de Itaguaí deve a isso sua vitória,
após o ocorrido rumaram a câmara, onde Porfírio assume o governo da vila. A
revolta se acalma, devida confiança e estima de que Porfírio no governo daria
fim a casa verde.
Capítulo 8 – Angustias do
boticário
O boticário fica sabendo que
Porfírio está indo pessoalmente falar com o alienista, e logo dá a causa do
amigo como vencida, ele se vê dividido entre prostrar-se corajosamente ao lado
do amigo ou aderir ao novo governo de Porfírio, temendo a influência do
barbeiro, e o que poderia acontecer a ele como amigo e apoiador de Bacamarte,
ele se dirige a câmara para aderir a causa. Chegando lá, descobre que o
barbeiro está na casa verde.
Capítulo 9 – Dois lindos casos
Porfírio, o defensor da população
e o homem que liderou uma revolta cujo intuito era destruir a casa verde, ao
falar diretamente e particularmente com o alienista, pede para que apenas
alguns loucos (casos menores) sejam soltos em piedade a população. Bacamarte
fica surpreso, e percebe imediatamente um caso de doença cerebral a qual chamou
de duplicidade.
Capitulo 10 – a restauração
50 apoiadores do novo governo são
levados a casa verde, João Pina (outro barbeiro) espalha por Itaguaí que
Porfírio está “vendido ao ouro de Simão Bacamarte” e logo a influência e apoio
de Porfirio tem seu fim, João Pina assume o governo. Esse ponto do conto marca
a influência máxima de Simão Bacamarte, quem ele quisesse que fosse levado a
casa verde era levado, dentre eles o Porfírio, o boticário, até mesmo o próprio
presidente, em uma coleta desenfreada. D.Evarista também é recolhida a casa
verde, após passar dias em dúvida de qual colar usar em um baile, e ser
encontrada 2 da madrugada ensaiando os dois colares em frente ao espelho.
Capítulo 11 – o assombro de
Itaguaí
Um belo dia, o alienista resolve
soltar todos os loucos da casa verde as ruas. Quatro quintos da população
estava na casa verde, e teoricamente, a loucura afetaria a minoria da
população, então reavaliando sua teoria, ele concluiu que a loucura seria o
oposto, e que o desequilíbrio mental deveria ser considerado normal.
Capítulo 12 – o final do §4º
Dizem as crônicas que D.Evarista
quis separar-se do alienista, mas a dor de perde-lo a fez mudar de ideia. Todos
os loucos voltaram a executar os velhos hábitos, e as pessoas consideradas com
o perfeito equilíbrio mental passaram a ser levadas a casa verde, após passar
por uma série de interrogações, foram levados padre Lopes, a mulher do
boticário, o boticário, e o barbeiro Porfírio (após recusar pedidos da
população por uma nova revolta a casa verde).
Capítulo 13 – Plus Ultra!
Ao cabo de 5 meses, todos os
loucos haviam sido curados, eles eram libertos quando apresentavam alguma
alteração de comportamento que fosse considerada desequilibrada. Ao refletir
novamente sua teoria, Bacamarte percebe que ele não introduziu nenhuma
faculdade no intelecto das pessoas que lá estavam, e que o desequilíbrio que
apresentaram quando estavam curadas, esteve nelas desde o início, concluiu que
elas eram desequilibradas assim como os outros que ele havia hospedado. Após
refletir mais, Bacamarte encontrou em si o perfeito equilíbrio mental e moral,
chamou alguns amigos, os quais pudessem confirmar ou negar seu palpite, todos
concordaram que Bacamarte era perfeitamente equilibrado. Em um misto de
felicidade e tristeza, ele recolhe-se a casa verde em busca de sua própria
cura.
“Fechada a porta da Casa Verde,
entregou-se ao estudo e à cura de si mesmo. Dizem os cronistas que ele morreu
dali a dezessete meses no mesmo estado em que entrou, sem ter podido alcançar
nada. Alguns chegam ao ponto de conjeturar que nunca houve outro louco além
dele em Itaguaí”.
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