introdução aos testes psicológicos


INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLOGICOS

Um teste pode ser entendido como uma análise, observação, avaliação crítica ou prova, dai sua conotação ameaçadora, podendo gerar nervosismo e ansiedade no sujeito submetido. Contudo é uma importante ferramenta da psicologia, sendo um procedimento sistemático (obedece a padrões) para obter amostras cognitivas ou afetivas do sujeito em questão no momento da realização do exame.
Existem alguns elementos básicos que determinam a definição de testes psicológicos, tais como ser sistemático, obter amostras do comportamento, relevância para o funcionamento cognitivo ou afetivo, com seus resultados avaliados com base em dados empíricos. Caracteriza-se como uniforme e meticuloso, sendo os quantitativos caracterizados pela utilização da expressão do resultado em números. Não é passível de dúvida sobre o resultado de um teste, logo, eles são exatos.
Paralelamente a quantificação, avaliações cujas respostas não são avaliadas como certas ou erradas no qual o testando não recebe nota de aprovação ou reprovação são denominados inventários, questionários, levantamentos, esquemas ou técnicas projetivas, e geralmente são agrupados sob a marca de testes de personalidade.
Os testes são ferramentas, sendo um meio para alcançar determinado fim, portanto são por demasia úteis quando bem aplicados, a aplicação de forma inadequada acaba por anular o valor do resultado obtido. Eles são comerciáveis, logo são desenvolvidos e aplicados a fim de gerar lucros.
Seu uso mais básico é como ferramenta de auxílio na tomada de decisões que envolvem pessoas, um obstáculo em qualquer campo de trabalho é o de como selecionar candidatos aptos para um determinado emprego. É onde surgem os primeiros testes psicológicos encontrados.
Surge então no âmbito dos testes psicológicos um problema de diferenciar o “normal” do “anormal” em campos como o intelectual, emocional ou comportamental. No campo da psicopatologia tal diferenciação permaneceu em mistério e por um longo período.
Foi na psiquiatria durante a década de 1890, quando Emil Kraepelin dedicou-se a classificar os transtornos mentais segundo suas causas (algumas desconhecidas na época) e sintomas. Ele desejava utilizar o método científico na psiquiatria, e sua contribuição foi de extrema importância na delimitação de quadros clínicos como da esquizofrenia e do transtorno bipolar. Utilizando-se da sensibilidade e memória, ele foi pioneiro no uso da técnica da associação livre com pacientes psiquiátricos.
As investigações dos psicofísicos como Fechner iniciaram uma série de melhorias que propiciaram a criação do primeiro laboratório dedicado à pesquisa de natureza puramente psicológica, por Wilhen Wundt em 1879. Tal evento é marcado como o início da psicologia como disciplina formal, alheia a filosofia. Com o surgimento da psicologia experimental, também surgiu interesse no estudo de aparatos e procedimentos padronizados para mapear a gama das capacidades humanas, estavam interessados em descobrir as leis gerais que governavam as relações entre os mundos físico e psicológico com nenhum interesse nas diferenças individuais – o principal item de interesse na psicologia diferencial e na testagem psicológica – Não obstante, com ênfase na necessidade de precisão das mensurações e de condições sistematizadas em laboratório, tendo sido uma grande contribuição para o campo da testagem psicológica.
Na mesma época, um inglês chamado Francis Galton interessou-se pela mensuração das funções psicológicas após ler o tratado de seu primo sobre a origem das espécies (Charles Darvin), ele decidiu investigar os dons intelectuais e como eles tendem a se transmitir de uma geração à outra. Montou então um laboratório em Londres, no qual por vários anos coletou dados sobre características físicas e psicológicas das pessoas, contudo Galton não teve sucesso em seu objetivo final, que era promover a eugenia.
Com este fim em mente, ele queria descobrir uma forma de avaliar a capacidade intelectual de crianças e adolescentes através de testes, para identificar desde cedo os indivíduos mais bem-dotados e encorajá-los a gerar muitos filhos. Seguindo a lógica eugenista os menos capacitados intelectualmente então seriam desestimulados ou impedidos de procriar.
Em 1904, o psicólogo Alfred Binet foi encarregado de criar um método para avaliar crianças que, devido ao retardo mental ou outros atrasos no desenvolvimento necessitavam de educação especial. Binet era bem preparado para tal, pois há muito investigava as diferenças individuais por meio de uma variedade de mensurações, bem como por testes de processos mentais como memória. Em 1905, Binet e Theodore Simon publicaram a primeira ferramenta útil para a mensuração da capacidade cognitiva geral (G), a escala Binet-Simon de 1905, era uma série de testes cujo conteúdo e dificuldade eram variados com o objetivo de avaliar a capacidade de raciocínio independentemente da aprendizagem escolar.
Em 1911, um psicólogo chamado William Stern propôs que o nível mental obtido na escala Binet-Simon, fosse dividido pela idade cronológica do sujeito para se obter um quociente mental que simularia de forma mais precisa a capacidade em diferentes idades. Para eliminar a casa decimal, o quociente mental era multiplicado por 100, e logo se tornou conhecido como quociente de inteligência, ou QI.
O máximo proveito dos talentos de cada pessoa é uma das metas da sociedade para a qual a testagem psicológica foi capaz de contribuir quase desde seu início. Decisões pertinentes à escolha vocacional precisam ser feitas em diferentes estágios da vida, geralmente durante a adolescência e o início da vida adulta, as decisões quanto à seleção e colocação de pessoal nas empresas, indústrias e organizações são feitas de forma contínua todos os anos.









CONCEITOS, CRITÉRIOS E CLASSIFICAÇÃO

As técnicas usadas na avaliação psicológica são a observação, entrevistas, testagem, dinâmicas e provas situacionais. Tal avaliação requer planejamento adequado e cuidadoso com rígida análise durante todo o processo, eles são classificados entre testes que possuem uma resposta correta e testes em que não existe resposta correta.
Sobre os instrumentos utilizados, a responsabilidade da escolha e métodos e técnicas é do psicólogo, mas o Conselho Federal de Psicologia tem a jurisdição para disciplinar e fiscalizar o exercício profissional. Ademais, a Resolução CFP 02/2003, que define e regulamenta o uso, a elaboração e a comercialização de testes psicológicos define os requisitos mínimos para que os testes sejam aprovados pelo Conselho, sendo eles:
·         Fundamentação teórica;
·         Evidências empíricas de validade e precisão das interpretações propostas;
·         Sistema de correção e interpretação dos escores;
·         Descrição clara dos procedimentos de aplicação e correção;
·         Manual contendo as informações.
Segue em listagem os principais testes aprovados pelo Conselho Regional de Psicologia para em seguida abordarmos de maneira breve, porém especifica os mais frequentemente usados;
Testes de personalidade e comportamento

ADULTOS
INFANTIS
CPS – escala de personalidade Comrey
DFH III - O Desenho da Figura Humana
EFEx – escala fatorial de extroversão
ETPC - Escala de Traços de Personalidade para Crianças
EFN – escala fatorial de neuroticismo
FTT- Teste Contos de Fada
HTP
HTP
IFP – inventario fatorial de personalidades
SMHSC - Sistema Multimídia de Habilidades Sociais de Crianças
IHS – inventario de habilidades sociais

Palografico

Pirâmides coloridas de Pfister

PMK – psicodiagnóstico miocinético

QUATI – questionário de avaliação tipológica

Rorschah

STAXI – inventario de expressão de raiva

Teste Z de Zulliger

TAT – teste de apercepção temática








Testes de inteligência, habilidades e aptidões
ADULTOS
INFANTIS
AC – Teste de Atenção Concentrada
WISC III – Escala de Inteligência  Wechsler para Crianças
AC 15 – Teste de Atenção Concentrada
Colúmbia – Escala de Maturidade Mental
BFM 1 – Testes de Atenção
Raven – Escala Especial
BFM 2 – Testes de Memória
R 2 – Teste Não Verbal de Inteligência para Crianças
BFM 3 – Teste de Raciocínio Lógico
Teste das Fábulas
BFM 4 – Testes de Atenção Concentrada

BGFM 1 – Testes de Atenção Difusa

BGFM 2 – Testes de Atenção Concentrada

BPR 5 – Bateria de Provas de Raciocínio

D-2 – Teste de Atenção Concentrada

G 36/ G 38 – Teste Não Verbal de Inteligência

RAVEN – Escala Geral

R 1 – Teste Não verbal de Inteligência

WAIS III – Escala de Inteligência Wechsler para Adultos

Teste dos Relógios


Outros testes de igual relevância:
ADULTOS
INFANTIS
BBT – Testes de Fotos de Profissões
Bender – Teste Gestáltico Viso-Motor de Bender
EMEP – Escala de Maturidade para a Escolha Profissional
TDAH – Escala de Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade
Escalas Beck
SDT – Teste do Desenho de Silver
Estilos de Pensar e Criar
IEP – Inventário de Estilos Parentais
ISSL – Inventário de Sintomas de Stress de Lipp

IECPA- Inventário de Expectativas e Crenças Pessoais Acerca do Álcool

QSG – Questionário de Saúde Geral

Escala Hare – PCL-R








OS 12 PECADOS NOS TESTES PSICOLÓGICOS, A ÉTICA NA ATUAÇÃO E OS PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS

Alguns objetivos são estabelecidos pelo Código de Ética do profissional de psicologia a fim de estabelecer padrões de conduta esperados, com o intuito de fortalecer o reconhecimento da categoria de psicólogos, fomentando a autorreflexão exigida de cada indivíduo acerca de sua prática, de modo a responsabilizá-lo, pessoal e coletivamente, por ações e consequências no exercício profissional. Ele apresenta as responsabilidades e deveres do profissional para a população, oferecendo diretrizes para a sua formação, além de balizar os julgamentos de suas ações.
Os princípios fundamentais da prática profissional apontados neste documento são: Respeito, liberdade, dignidade, igualdade e integridade; Promover a saúde e a qualidade de vida; Responsabilidade Social; Aprimoramento Profissional Contínuo; Acesso ao conhecimento da ciência e posicionamento crítico. É igualmente de total relevância destacar-se aqui os chamados pecados nos testes psicológicos, sendo eles:
1. Utilizar testes não aprovados pelo CFP.
2. Usar cópias de testes. Tal feito desvaloriza os testes e é passível de apresentar alterações ou lacunas realizadas pelo copiador.
3. Não encarar a Avaliação Psicológica como um processo.
4. Dispensar a entrevista. É fundamental pois alguns testes demandam certo nível de conhecimento sobre o indivíduo testado.
5. Adaptar os testes de acordo com a sua vontade: alterar tempo, instrumentos, não observando a padronização. A atitude em questão torna o teste não mais científico.
6. Não pedir ao candidato para assinar o teste.
7. Não registrar todas as informações pertinentes ao caso. Podem ser altamente relevantes para consultas posteriores.
8. Aceitar remuneração incompatível com a sua prática.
9. Não esclarecer a respeito da Avaliação Psicológica ao cliente e ao usuário do serviço.
10. Não fazer entrevistas de devolução.
11. Não se aperfeiçoar em cursos, supervisões e congressos. Também necessário para dominar eventuais atualizações sobre os testes já existentes ou novos.
12. Não guardar os materiais por cinco anos.


 fonte; manual de avaliação psicológica - coletanea conexãoPsi



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